Timor Leste


Foi com enorme pesar que acompanhei recentemente a noticia sobre o atentado contra o Presidente de Timor Leste, o Senhor José Ramos Horta. Ato de barbárie incompreensível a qualquer homem ou mulher de mínima inteligência, esta estupidez acaba por expor visceralmente o real tamanho do desafio de se construir uma nação.

Conhecido internacionalmente por sua dedicação ao infante país, o Presidente Horta se tornou figura respeitada mundo a fora justamente por defender os princípios não violentos para a solução de impasses políticos.

Sendo assim, é preciso observar atentamente - tanto lá quanto cá - a dimensão do ocorrido não apenas para que o povo timorense compreenda o quão sinuoso é o caminho até um país de que todos possam se orgulhar, mas também como exercício de reflexão histórica para cidadãos de democracias já consolidadas. A democracia, as liberdades civis e o Estado de Direito são as maiores conquistas de um povo e como tal, demandam esforço tremendo em uma batalha contra grupos, instituições ou pessoas incapazes de compreender o que realmente significa ser livre.

Mais que um ataque contra um indivíduo, trata-se de atentado ao sonho de um povo que anseia em ver sua terra prosperar livre das horríveis experiências enfrentadas por nós ocidentais como guerras, revoluções e golpes de estado.

Ser livre e democrático trás uma série de implicações, muitas das quais um grande número de pessoas pode se assustar com facilidade. O respeito às opiniões antagônicas, o comprometimento com um projeto realista de nação sempre ciente de suas imperfeições, o acato incondicional às decisões de cunho majoritário junto com a garantia de segurança da integridade dos corpos minoritários, a responsabilidade na política de Estado, o senso de limite no exercício do poder, enfim uma série de obrigações que muitas vezes nos vemos tentados a dobrar no afã de satisfazer nossos próprios demônios.

Quando falhamos em nos policiar, entramos no obscuro mundo dos atentados, golpes e violências diversas como foi o caso do Timor Leste. Aldo Moro, Martin Luther King, John Kennedy, Gandhi, Anwar Al Sadat, Yitzhak Rabin, Salvador Allende e tantos outros morreram de forma violenta, e o Presidente Ramos Horta quase perde a vida pagando o preço pelo sonho de uma pátria melhor.

Que o povo timorense reflita sobre este momento afinal de contas, não são exatamente os acontecimentos que determinam o rumo de uma nação, mas o que se faz com eles. Prudência e responsabilidade são importantes neste momento. A este jovem país o meu profundo respeito, desejo de paz e prosperidade.

Frederico Félix

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